Investigadores do Centro de Maricultura da Calheta – ARDITI (Madeira, Portugal), participantes no projeto AquaInvert, descobriram diferentes substratos capazes de induzir o assentamento da lapa Patella aspera Röding, 1798, vulgarmente conhecida por lapa branca, lapa brava ou lapa dos Açores.

O assentamento é o processo pelo qual as larvas planctônicas de animais marinhos encontram um local adequado no fundo do mar para sofrer metamorfose e se tornarem juvenis, que viverão no fundo do mar posteriormente. Portanto, o assentamento é um processo chave para muitos animais marinhos e está associado a alta mortalidade em condições de cultura. Portanto, encontrar substratos adequados para o assentamento é fundamental para o cultivo dessas espécies animais, pois sua falta geralmente leva à impossibilidade de continuidade do ciclo de vida.

A falta de substratos de assentamento tem sido um dos principais fatores limitantes no desenvolvimento da aquacultura da lapa, quer para fins comerciais, quer para repovoamento. A nossa investigação descobriu que as algas coralinas incrustantes, que colonizam grande parte da costa madeirense, são capazes de promover a metamorfose das larvas de lapa branca em 30-50%. As pós-larvas são identificadas pela reabsorção do véu, órgão larval responsável pela natação. O processo de assentamento e metamorfose pode ser muito rápido e ocorrer em menos de seis horas, até um mês depois, dependendo das condições ambientais. A próxima etapa é a pós-larva precoce, que dura três dias e na qual o animal não se alimenta. Após esse período, as pós-larvas desenvolvem uma nova concha chamada teleoconcha e começam a se alimentar ativamente. Este estudo também demonstra que as larvas obtidas por banho alcalino de oócitos (necessário para aumentar a produção larval) podem se desenvolver corretamente e completar o desenvolvimento larval.